Os dois tendões fibulares são chamados de curto e longo. Iniciam junto aos músculos de mesmo nome (músculo fibular curto e longo) e descem paralelos ao longo da porção lateral da perna, passando posteriormente (atrás) do maléolo lateral (protuberância lateral do tornozelo). Eles se separam na região plantar do pé, pois possuem inserções ósseas diferentes: o fibular curto prende-se na base do quinto metatarsiano e o fibular longo na base do primeiro metatarsiano.
No seu trajeto, os tendões fibulares são guiados pelo sulco fibular e seguros por duas faixas de tecido ligamentar chamadas de retináculos.
As funções dos tendões fibulares resumem-se em estabilizar e equilibrar lateralmente o tornozelo, ajudar na flexão plantar e realizar a eversão do pé, isto é, mover e rodar o pé lateralmente.
As rupturas dos tendões fibulares estão quase sempre associadas às lesões traumáticas agudas ou deformidades anatômicas que ocasionam degeneração crônica e rompimento das fibras tendinosas.
Contusões, entorses e fraturas que envolvem a articulação do tornozelo podem ocasionar a ruptura parcial ou total de um ou de ambos os tendões fibulares. Atletas e esportistas que praticam atividades de impacto, como corrida ou salto, estão mais expostos a este tipo de lesão.
Doenças reumáticas como a artrite reumatóide e a psoríase podem provocar a ruptura espontânea dos tendões fibulares por inflamação e degeneração crônica. Diabetes e hiperparatireoidismo também estão relacionadas com a maior fragilidade e maior chance de ruptura espontânea dos tendões.
A presença do Os Peroneum, um osso acessório inconstante (10 % dos indivíduos) junto ao tendão fibular longo, pode favorecer a lesão por degeneração local e é uma das causas de dor lateral do pé relacionada à doença tendínea. O tratamento cirúrgico para exploração e excisão do Os Peroneum está indicado caso não haja melhora sintomática com o tratamento conservador ou quando ocorrer lesões como a fratura ou a ruptura tendinosa ao seu redor.
A hipertrofia do tubérculo lateral do calcâneo (tubérculo dos fibulares), uma protuberância óssea lateral do calcanhar, pode ocasionar a inflamação por atrito e até a ruptura na passagem dos tendões por sobre este aumento ósseo. O tratamento inicial é conservador (repouso, bota imobilizadora, anti-inflamatórios e gelo), porém, em alguns casos, pode ser necessário o procedimento cirúrgico para a retirada da deformidade óssea.
Os tendões ficam inchados e dolorosos aos movimentos e à palpação local. Pode ocorrer perda de força para realizar a eversão do pé (rotação para fora), principalmente quando comparada ao lado sadio.
Exames de imagem como a ultrassonografia ou a ressonância nuclear magnética podem ser solicitados para avaliar os tendões fibulares e confirmar o diagnóstico.
O tratamento conservador da ruptura dos tendões fibulares com o uso de bota imobilizadora, anti-inflamatórios e fisioterapia é, na maioria das vezes, pouco eficaz.
O tratamento cirúrgico depende da causa, da extensão e do tipo de lesão diagnosticada.
Quando há dor local e o diagnóstico por imagem for compatível com Os Peroneum, pode ser necessário a sua exploração, excisão e o reparo tendíneo.
Sintomas de dor crônica e edema no trajeto dos fibulares podem estar associados à ruptura longitudinal ou completa de um ou de ambos os tendões. Na maioria das vezes, as lesões são reparadas e suturadas, reconstruindo o aspecto tubular e mantendo a função de cada tendão isoladamente.
Nos casos mais crônicos, onde haja grande degeneração tendínea ou o afastamento das pontas de uma lesão completa, poderá ser necessário o procedimento de tenodese, isto é, a sutura e união lado a lado de ambos os tendões para reconstruir a continuidade e manter a função dos fibulares.
Em casos mais raros, quando ambos os tendões estão rompidos cronicamente e não for possível suturá-los, podemos realizar a transferência de outro tendão do pé, o flexor longo dos dedos, para o trajeto dos fibulares. Este procedimento permite reconstruir a função e manter o equilíbrio dinâmico lateral do pé.